31 de julho de 2010

Construindo Relacionamento Profissional


Quando penso em sete coisas de uma vez, tento guardar todas elas na mente e, ao mesmo tempo, escutar o que você me diz, mas não consigo porque acabei de me lembrar de mais três coisas que preciso fazer quando você sair, o que, a propósito, espero que seja logo.
Enquanto você fala comigo, olho umas duas vezes no relógio, porque mentalmente estou na corrida, e eu sou um corredor de primeira, fazendo um milhão de coisas, mas o que não consigo perceber é que meu frágil relacionamento com você está sendo destruído por causa desse meu jeito. Está sendo destruído aos poucos, pois a principal mensagem que envio a você e a todos os outros membros da minha equipe é que estou muito estressado e que isso aqui é uma loucura.
Até para minha família eu digo: “Isso é uma loucura. Eu quero passar mais tempo com vocês, mas está tudo muito louco agora. É uma loucura lá no trabalho”.
Bem, não é uma loucura. Você é que está louco. Você precisa ser honesto quanto a isso. Não é uma loucura, é apenas trabalho. É só uma empresa.
Gerentes do tipo “isso-aqui-é-uma-loucura” vivem jogando as mãos para o ar dizendo: “O quê? Ela vai embora? Por quê? Está pedindo demissão? Não se pode mais confiar nas pessoas hoje em dia! Chame-a aqui. Precisamos conversar sobre isso. Cancele minhas reuniões, cancele meus telefonemas. Quero saber por que ela está se demitindo”.
Ela está pedindo demissão por este motivo: você falou com ela por no máximo três minutos em qualquer conversa no último ano. Talvez tenha falado com ela 365 dias, mas por não mais de três minutos. Não houve um relacionamento profissional, houve só um palavrório inútil.



Quer o gerente goste, quer não, criar bons relacionamentos permite o desenvolvimento de carreiras, de negócios e de equipes de trabalho.
De modo geral, as pessoas que admiram ou respeitam (de maneira um pouco assustada) seus gerentes multitarefa admitem que se sentem menos seguras por causa de toda essa “loucura”.
Quando se reúnem com o gerente, ele sempre lhes diz: “Vamos lá, vamos ver isso! Você precisa falar comigo, não é? Entre aí, preciso só atender este telefonema. Isso aqui é uma loucura. Tenho uma reunião daqui a dois minutos e estou esperando um e-mail... desculpe-me viu, se eu desviar a atenção por causa disso, mas fique aí estou terminando. Eu sei que você quer me dizer alguma coisa. Por favor, fale comigo.... ah, só um minuto, com licença”.
Quando conseguimos fazer com que os gerentes desacelerem e se concentrem em cada conversa do dia, eles se surpreendem. Quando conseguem fazer isso por uma semana, eles nos ligam e dizem: “Por incrível que pareça, houve melhor entendimento com meu pessoal esta semana do que em todas as semanas que já passei nesta empresa”.
Para eles é algo inacreditável, pois, quando desaceleram e observam a próxima tarefa urgente, percebem que há sempre alguém que adoraria se encarregar dessa tarefa. Não só isso, mas há sempre alguém que se sentiria lisonjeado por executar tal tarefa. “As pessoas gostam de sentir que deposito toda confiança nelas, quando lhes peço que se encarreguem disso e que façam um bom trabalho, porque gosto do modo como trabalham.”
Há muitas coisas que podem ser delegadas e passadas aos outros, mas apenas se você recuperar sua sanidade e desacelerar. Uma das melhores maneiras de motivar os outros é lhes dar coisas interessantes para fazer, desenvolver. Principalmente atividades que liberem mais tempo para você – tempo que você pode usar para construir uma equipe melhor e mais motivada.

Fonte: CHANDLER, Steve 1944; tradução Marcos Malvezzi Leal, Campinas, SP 2008.

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